sábado, 28 de março de 2009

Fotojornalismo cheio de atitude


Estou à porta. Vejo uma estante cheia de livros amontoados à minha esquerda. Mais ao fundo, também à esquerda, idem, com acréscimo de uma pilha de jornais. Computadores e um arquivo de aço ao lado estão na minha frente. Dois quadros brancos na parede. Uma foto do avô ilustre. Um grande pôster de “Marginália”. Dois sofás e um macio banco de centro. Esse é o ambiente, diria, bem jornalístico, onde fomos recebidos para conversar com o fotojornalista João Wainer, 32 anos.


Assim como sua casa, Wainer é uma pessoa de visual despojado. Este composto de All Star, calças jeans e camisa xadrez tem tudo a ver com as tatuagens que possui. Nossa conversa se inicia em torno do começo de carreira. Não foi o grande Samuel Wainer, seu avô e dono do Jornal Última Hora, que lhe inspirou o jornalismo e sim os Racionais. Isso mesmo. Ainda adolescente, ouvindo as músicas do Mano Brown, foi que ele percebeu a necessidade de colocar essa realidade em evidência. Em entrevista ao site “Imã foto galeria” já havia afirmado que “a música era cinema puro”. Decidido sobre o que gostaria de mostrar à sociedade, descobriu a fotografia como meio.


A partir de então, as coisas foram surgindo e Wainer se tornou foto-jornalista. A carreira se iniciou como estagiário de texto no Jornal da Tarde, onde já fazia as fotos que surgissem para fazer, inclusive “fazer foto de geladeira”. De lá migrou para a Folha de S.Paulo, trabalho diário feito por dez anos. Hoje, faz dez pautas por mês para Folha além de trabalhos para revistas, os pessoais e mais o que pintar.


Seu trabalho recebeu maior destaque após ter vencido, em 2006, a bolsa Fnac/Fotosite com “Marginália”. Uma mostra dos universos de três “rappers”: Mano Brown, MV Bill e Dexter que rodou São Paulo e agora está na França. Esta exposição é composta por fotos que foram tiradas ao longo de anos. Um dia antes do término das inscrições para a bolsa, pela santa insistência de amigos, foram juntadas e transformadas no que muito bem exemplifica o objetivo de seu trabalho:“mostrar às pessoas um mundo ao qual não têm acesso”, através do seu filtro.


Mas nem só de fotografia vive João Wainer. Na verdade explica: “me apaixono pelos assuntos” depois é que vem a decisão de qual meio será utilizado. Em vista de tantas ferramentas disponíveis, “porque não usá-las?”. E ele as usa. Já co-dirigiu videoclipes, lançou livros, possui um blog e fez o documentário “A Ponte”. Muito mais está por vir. Em breve veremos um documentário sobre pixação, que promete ser polêmico, e um livro aonde pretende juntar seu trabalho.



Dicas de João Wainer:


  • “O fotojornalista dever ser um curioso. Mas um curioso pela vida, não só pelos assuntos que gosta”.
  • Parafraseando um grande fotógrafo da Magnum: “Compre bons sapatos!” Explica que “jornalista tem o telefone. Fotógrafo não tem escapatória, tem que ir no local tirar a foto”.
  • Essa é pra quem retende retratar a galera das favelas. Dica vinda de Caco Barcelos: “se você estiver indo para pi&%#$ o cara, diga que você está indo pi&%#$ o cara!” Ou seja, nunca diga que vai fazer uma coisa e faça outra. Seja honesto!

*Anna Rachel Ferreira*

Sejam Bem-vindos!


Bem-vindos ao mais novo blog da rede! Faz tempo que estou para criá-lo mas adiei uma, duas, três, várias vezes. Enfim, aqui estamos nós! Finalmente conectados.

Neste espaço vou dividir com vocês as minhas "Impressões" a respeito de tudo que achar interessante. Pretendo atualizá-lo com bastante frequência para estarmos sempre em contato!
Começo com a entrevista que fiz com o fotojornalista João Wainer, em companhia de Gisele Macedo e Priscilla Cardoso.
Espero vocês por aqui!

Beijos

*Anna Rachel Ferreira*