sábado, 21 de novembro de 2009

O Paulistano e a Paixão pela Cidade



O paulistano acorda cedo. Lá pelas 4 horas da madrugada já tem gente se levantando para pegar no batente. Momento em que começa a saga. Com dificuldades e belezas, todos os dias a experimentam milhões de pessoas na disputada metrópole.


Antes de chegar no ponto do coletivo, esse camarada andou, talvez muito, talvez pouco, mas andou. E nessa caminhada levou de fumaça de caminhão no rosto a susto com trombadinha. A cidade é grande e perigosa. É preciso estar atento, sempre observando tudo, com a bolsa bem presa ao corpo.


Para além das dificuldades, durante o trajeto, ele também percebeu que possui um emprego, coisa bastante escassa em outras regiões do país e ainda se deparou com diferentes rostos, característicos de todos os lugares do mundo ou que misturam aspectos deles.


Às 5 horas da manhã, ônibus e trens lotados já saem dos terminais rumo aos empregos com carteira assinada ou não de cada um. A viagem costuma ser longa, cheia de baldeações, e bem espremida, envolta pelo calor humano e o empurra–empurra proveniente da pressa bem própria dos moradores locais .


O desconforto dessa hora e, muitas vezes, a quantidade de pessoas ao redor impedem que, o agora passageiro, vislumbre algo além dos carros parados e das buzinas. A paisagem é toda cosmopolita. Construções futuristas e prédios antigos, locais abandonados e outros bem cuidados, parques no meio do caminho, gente chique e gente cafona, uns com dinheiro enquanto outros nem mesmo esmola.


Depois de chegar ao trabalho, ele faz jus ao nome da atividade. Mas na pausa para o almoço, dá um respiro necessário e merecido. Há muitas opções mesmo com pouca “grana” no bolso. Os tais rostinhos diferentes, encontrados pela manhã, trouxeram seus sabores para São Paulo, único lugar em que se pode comer pão de queijo no café da manhã, feijoada no almoço e pizza no jantar, dentre muitíssimas outras variações.


O segundo tempo começa e todos voltam aos escritórios, construções, faxinas, lojas, ou seja, ao lavoro, como diz o pessoal do Bexiga, contando os minutos para fazer o caminho de volta.


E todo mundo volta junto. Uma beleza! 18 horas, horário de pico. Paulistano sabe bem o que é isso. A falta de ar agravada pelo cheiro de quem deu o suor durante todo o dia faz dessa viagem algo inesquecível.


Assim passa a semana que chega ao seu fim. O retorno de sexta-feira já é até mais feliz. Agora sim é hora de aproveitar tudo o que a cidade tem para oferecer. Proletário também precisa se divertir, não? E a vida cultural dessa grande metrópole é tão movimentada quanto o deslocamento de seus habitantes para o trabalho.


Museus, teatros, cinemas, parques, restaurantes para todos os gostos e bolsos. Dos moradores das ruas aos dos casarões dos Jardins, a população tem acesso a uma efervescência cultural constante, porém, mais importante que isso, ela tem aquela alegria que só brasileiro entende.


Com um sorriso no rosto, o paulistano segue, já esquecido das agruras cotidianas e na cabeça somente a certeza do que já cantava o Premê: “É tão lindo andar na cidade de São Paulo”.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Seja quem quiser

Imagine um lugar cheio de pessoas fantasiadas de tudo quanto é personagem. Tudo mesmo! De Sakura a Coringa. Visualizou? Estranho? Se você como eu nunca tinha ouvido falar desse tipo de reunião, hoje eu te apresentarei ao mundo do Cosplay. Ah! E não precisa ficar com um pé atrás. Não é nada de outro planeta.


A prática que começou numa conferência de ficção científica norte-americana com um cara chamado Forrest J. Ackerman, atravessou o oceano, ganhou fama no Japão e se expandiu pelo mundo todo. A idéia é ser um ícone escolhido, seja quem for, durante os eventos.


E esse negócio de “ser” é levado bastante a sério. As caracterizações são impecáveis. Cada detalhe precisa ser idêntico ao original. “Quando fiz a Satine, do Moulin Rouge, bordamos até a parte interna da roupa”, conta Lola Maki, cosplayer há 10 anos.


Esse trabalho exige tempo e bastante dedicação. Lola conta que este cosplay demorou cerca de 3 meses para ficar pronto. Mas nem todos os confeccionam pessoalmente, apesar de sempre participarem da produção. Hoje, existem lojas físicas e online especializadas em Cosplay que oferecem uma infinidade de roupas e acessórios para esse público.


O esforço é admirado e ainda pode ser recompensado. Competições acontecem todo ano para premiar os melhores. As mais importantes no Brasil são a Yamato Cosplay Cup (YCC) e a Wolrd Cosplay Summit (WCS). Essa última somente para caracterizações ligadas á cultura japonesa.


Gerson Freitas venceu o último YCC. Jack, como gosta de ser chamado, afirma que fazer o Máskara e ainda levar o título por isso foi emocionante. “Foi o filme que eu mais vi na infância”, conta. E também aquieta os ânimos dos medos iniciais de quem não entende o hobby. “A vida fora dos eventos é normal. Nada de comprar pão de peruca ou revista com asas enormes”, garante.


Se interessou? Então acesse:


www.cosplaeyers.net

www.cosplaybr.com.br


domingo, 27 de setembro de 2009

A Arte como Prazer e Relaxamento

O torso de gesso

O que é a arte? Alguns definem a arte como algo rebuscado, técnico, outros como algo revolucionário, inovador. Henri Matisse acreditava que a arte deveria trazer prazer e relaxamento a quem a faz e a quem a admira.

O artista francês, morto em 1954, pela primeira vez, tem uma exposição dedicada a si no Brasil. Desde o dia 05 deste mês a Pinacoteca do Estado de São Paulo expõe "
Matisse Hoje". Com 80 itens, - pinturas, esculturas e gravuras- a exposição mostra a busca incessante deste colorista pela harmonia e serenidade em suas obras.

Matisse era um perfeccionista. Só se dava por satisfeito quando tivesse certeza de estar passando a mensagem desejada para os que vissem suas obras. E um apaixonado pela arte. Quando acamado, passou a pedir que seus empregados pintassem tecidos com cores previamente preparadas por ele que depois seriam cortadas em diversos formatos e comporiam novas obras.


O cavalo, a amazona e o palhaço.

O grande colorista francês marcou profundamente a arte. Essas marcas são discutidas na exposição a partir do diálogo de suas obras com cinco outros artistas franceses contemporâneos, entre eles Cécile Bart e Pierre Mabille.

A exposição "
Matisse Hoje" e "Diálogos com cinco artistas franceses contemporâneos" faz parte das comemorações do Ano da França no Brasil e vai até 01 de novembro.

Pinacoteca do Estado
www.pinacoteca.org.br
Praça da Luz, 2 - Bom Retiro - São Paulo/SP
Tel: +55 11 3324 4990

terça-feira, 18 de agosto de 2009

No Busão: Cantoria


Chacoalha de cá, amassa de lá
Um pouco de ar
Difícil encontrar....

Podre. Eu sei. Mas é bem isso que vive quem pega o famoso “busão” por volta das 18h na Grande São Paulo. É um calor humano inacreditavelmente quente. Todo o espaço é preenchido por expressões de cansaço e desânimo. O sentimento em comum é o desejo de chegar logo ao destino.

Por esses dias, contudo, o ambiente “down” não intimidou duas peças raras que resolveram colorir uma viagem. Minha localização espremida, em pé, ao fundo do coletivo não me deu uma boa visualização, mas pude ver alguém de blusa de linho e boné beges de costas para mim e um sorridente rapaz, também de boné, só que azul, e desprovido dos quatro dentes frontais superiores, a sua frente. Em pé, na direção da porta intermediária do coletivo, iniciaram uma conversa animada sobre música.

Eis que foi formada a dupla. Primeira voz para o de bege. Animação e segunda voz para o de azul, que começava:
Cê conhece aquela música do Jorge Aragão?
Claro!
Respondia o outro.
Manda aí, manda aí!
Malandro
(droo)
Eu ando querendo
Falar com você
(ceeeee)
Você tá sabendo
Que o Zeca morreu
(euuu)
Por causa de brigas
Que teve com a lei
(eiiii)

Em concordância com as duplas sertanejas, o grosso da letra ficava com a primeira voz, enquanto a segunda cuidava dos contra cantos, neste caso as últimas sílabas dos versos.

Cheios de caras e bocas, os espectadores se entreolhavam enquanto escondiam risadinhas e faziam comentários maldosos. Isso não incomodou os cantores que continuavam.

Cê conhece o Dorival Caymmi?
Conheço
Então manda aí…

Começava mais uma melodia. Nada foi cantado por inteiro. Assim, de trecho em trecho, o repertório foi até mais dinâmico e abrangente.

O sorridente se empolgou tanto com os dotes musicais do seu companheiro que fez a sugestão: Tua voz é bonita! Tu devia investir na carreira de cantor! As gargalhadas abafadas se proliferaram. Mas a zombaria e o desdém não foram unanimidade na plateia. Como qualquer artista, não conseguiram agradar a todos, porém seu público foi formado. O da camisa bege e seu parceiro de finais de frases receberam comentários positivos de outros passageiros. Duas senhoras de meia-idade sentadas a minha frente elogiaram a escolha das músicas. Só MPB, não é?! Uma dizia a outra. E sejamos honestos. Não era mesmo nada de machucar os ouvidos. Vai ver era inveja da alegria alheia.

De qualquer modo, a opinião dos outros não era uma preocupação que pairava sobre as cabecinhas cantantes. Assim seguimos, ao som de MPB cantada, talvez com pouca afinação, mas com muito gosto e espontaneidade.

*Anna Rachel Ferreira*

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Sebos: salvação dos bolsos estudantis


Listinha na mão, tênis nos pés e muita disposição. Todo início de semestre figuras assim andam por aí, a fim de completar a árdua tarefa de comprar os livros solicitados pelos professores ao menor custo.


Os universitários, tadinhos, são uns dos que vivem falidos e dão graças pela existência dos sebos ou alfarrabistas, como preferem os amigos lusitanos. São nestes locais que acontecem troca, compra e venda de livros usados. De um em um, lá vamos nós, tentar encontrar os títulos e comprá-los dentro do orçamento espremidinho de sempre.


Em São Paulo não faltam opções. O centro velho é cheio deles, logo, é lá que se encontra um dos mais famosos de sua espécie: O Sebo do Messias. Fundado por um mineiro de Guanhães que dá nome a rede, possui três grandes lojas, paradas obrigatórias para quem está nessa busca.


No entanto, todavia, contudo, a tecnologia chegou até mesmo no mundo das antiguidades. Isso mesmo! Tudo on. É possível encontrar o que procuramos nos sites dos próprios sebos ou no estante virtual. Ideia do carioca André Garcia, o estante é um portal que transformou o comércio de livros de segunda mão, pois reúne em um só endereço todos os que quiserem disponibilizar seus livros para a venda.


Sebo do Messias
Praça João Mendes 166 e 140

Rua Quintino Bocaiúva 166
www.sebodomessias.com.br


Estante Virtual
www.estantevirtual.com.br


*Anna Rachel Ferreira*

terça-feira, 21 de julho de 2009

Leitura de férias: Asne Seierstad



Asne Seierstad, jornalista norueguesa, ficou famosa ao descrever o cotidiano de uma família afegã em "O Livreiro de Cabul". Na época, o país estava em evidência devido aos ataques norte-americano em nome da Guerra contra o Terror, o que levou o livro a ultrapassar a marca de 3 milhões de exemplares vendidos.

Correspondente de guerras há 15 anos, a experiência de Asne vai muito além do Afeganistão. A jornalista também esteve na Tchetchênia, Sérvia e Iraque viagens que lhe renderam 3 outros livros:
Crianças de Grozni, De Costas para o Mundo e 101 Dias em Bagdá, respectivamente.

O que a caracteriza acima de tudo é a sinceridade e o retrato de pessoas comuns. Ela não tem medo de dizer o que pensa, mas sempre deixa claro o porquê de seu posicionamento como quando questiona a situação das mulheres da família do livreiro observando que está opinando como uma mulher ocidental.

Em 101 Dias em Bagdá não é diferente. Este livro se assemelha bastante a um diário. Há momentos em que a correspondente compartilha suas expectativas, ansiedades, inseguranças e até mesmo seus medos. Conta o que vê, ouve e sente. Da amizade com sua intérprete a emoção ao ver o sofrimento do povo ao lidar com a perda de pessoas tão queridas. É terrível, mas tão honesto e envolvente que o leitor se sente transportado a Bagdá e não quer voltar sem antes conhecer mais.

Este livro é mais poético do que o que fala sobre a família de Sultan Khan e só confirmou a minha admiração por essa escritora que traz com beleza realidades tão cruéis sem ser piegas ou desonesta.

Fica aí minha dica de leitura para as férias.


*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 28 de junho de 2009

Foto na lata


Uma lata de tinta = câmera fotográfica. Será? Fiquei com um pé atrás quando me falaram do projeto desenvolvido pela ONG ImageMágica, criação do fotógrafo André François. A dúvida despertou a curiosidade e fui obrigada a ir conferir.


No início do mês fui até o Campo Limpo participar da Multiplicação que a turma do Projeto Arrastão estava fazendo. Esse evento é uma das partes que compõe a Escola Olhar, carro chefe da organização que também trabalha com os projetos fotográficos do seu fundador. As outras partes são as aulas de fotografia, a capacitação de educadores e a exposição dos trabalhos no final do curso.


A etapa que acompanhei nada mais é do que uma oportunidade para os alunos compartilharem com colegas e pessoas da comunidade o que têm aprendido ao longo do curso. Eles adoram e explicam tudo na maior empolgação. Fui orientada por Jenifer da Silva, 17 anos, quase o tempo todo. Ela me ajudou a fazer a foto que posto agora, versão negativa e positiva.


O lema da ImageMágica é “Perceber o mundo em que se vive é o primeiro passo para modificá-lo” e essa percepção é desenvolvida através da foto artesanal. O fato de o processo ser mais lento torna obrigatória uma reflexão sobre a foto antes do clique. “Eles têm que pensar no que fotografar, no que eles têm para dizer”, explica a coordenadora pedagógica Ana Silvia Forgiarini. E parece que o objetivo tem sido alcançado. Jenifer conta que com o curso pode perceber que uma coisa aparentemente pequena pode expressar muito em uma imagem. "Hoje eu sei que pequenas coisas podem dizer muito", finaliza.


Para saber mais entre em www.imagemagica.org.br


domingo, 7 de junho de 2009

O BURACO





Hoje, o painel do “buraco da paulista” é patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo, mas nem sempre foi assim. O trabalho mais importante do artista plástico/graffiteiro Rui Amaral, surgiu na tradição do graffiti, de forma ilegal.


Foi em 1988 que pela primeira vez, o painel foi pintado em preto e branco. Feito na clandestinidade, em uma época em que essa técnica não era bem vista, Amaral explica que sempre apagavam seu desenho, porém ele não desistia. “A prefeitura ia lá, apagava, eu ia lá, pintava”, conta.


Durante o mandato da prefeita Luiza Erundina, o grafiteiro decidiu que era hora desse trabalho ser feito de maneira legal. Pediu autorização, arcou com todos os custos e pintou, pela primeira vez, colorido. Problema resolvido? Nem tanto.


O “trampo”, como ele chama, permaneceu intocável somente enquanto a prefeita estava no poder. Seu sucessor, Paulo Maluf, não gostou e mandou apagar o painel inteiro. Amaral conta que tentou negociar, mas o prefeito estava irredutível. Sem alternativas, buscou a Secretaria da Cultura que o encaminhou para o Patrimônio Histórico da cidade na tentativa de poder refazer seu trabalho.


O Patrimônio Histórico designou um técnico interno e um crítico de arte externo e foi montada uma comissão, para avaliar o valor da obra. Decidiram que o trabalho deveria ser refeito. Foi a última vez que o artista plástico teve que brigar por essa obra. “Faz 18 anos que está lá!”, comemora.


No segundo semestre o buraco será pintado. Calma! Não se pretende passar tinta branca em cima não. Como feito outras vezes, a idéia é chamar uma galera de ex-alunos e amigos para repintar o buraco, deixar ele novinho. “Preciso de 10 pessoas para pintar facinho lá”, comenta Amaral.


*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 24 de maio de 2009

É hora de tirar o dentinho...





O dente do siso parece surgir somente para ser extraído. É difícil encontrarmos alguém que esteja com os quatro na boca, feliz e saltitante. Ou inflamou, ou não tem espaço na boca, ou, ainda, está na horizontal. De um jeito ou de outro, o dentista vem com a notícia de que a extração terá que ser feita. “Que droga!” Começa a tortura.

Não sei o que se passa na cabeça dos atuais adolescentes, porém, na minha época, não me pergunte porquê, todo mundo achava o máximo aquela linha férrea estampada no sorriso. Fui atrás! Depois de quatro anos nessa vida (sorriso com grade, lembra?), o ortodentista me avisou que teríamos que extrair todos os dentes do siso, pois, se nascessem estragariam o que foi arrumado pelo aparelho. Detalhe: um raio X panorâmico constatou que eu tinha os quatro. Que lindo! Tem gente que não tem um sequer, eu tinha que ser premiada.

A doutora responsável pelas minhas extrações, em particular, é toda anjinho. Faz tempo que sei que teria que passar por esta experiência, mas ela decidiu esperar cada “monstrengo” dar as caras para que os procedimentos não fossem tão dolorosos. Esse processo em que ele começa a aparecer é chato, incômodo e doloroso. Isso quando o nosso querido não resolve inflamar (Claro, que esse acabou sendo o meu caso).

Chega um dos grandes dias (Não se esqueçam que foram quatro!). Conversa vai, conversa vem. É a vez da pomadinha. Já posso sentir a minha bochecha querendo dormir. Agora a agulha. Não entendo porquê dentistas precisam usar aquela coisa de ferro imensa, mas tudo bem, a experiência me diz para não olhar, e eu não olho. “Agora vamos tirar, tá?”, me avisa a Tiradentes. “O que eu posso fazer? Tira logo, né?”, pensei.

Um, dois, três. O “monstrengo” já está com ela. Ótimo! Momento costura e acabou. Na saída levo gase e uma orientação para mim e meu pai (acompanhante da vez): “Hoje ela tem que tomar muito sorvete, ouviu?!”. Ebaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Alguma coisa nisso tinha que ser boa! Hora de aproveitar! Napolitanto! Hummm! Acho que nunca tomei tanto sorvete na minha vida. É necessário sempre perceber e aproveitar o lado bom das coisas, já dizia a nossa amiga Pollyana. E eu não deixei passar!

*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 17 de maio de 2009

NetEscola


A Internet já invadiu nossas vidas. Estar aqui conversando com vocês através de um blog só confirma essa afirmação. Então, porque não utilizá-la para adquirir conhecimentos? Nem só de google vive a rede.


Existem sites muito interessantes que podem ser ferramentas no aprendizado de outros idiomas. Live Mocha e Englishtown são os mais famosos. O primeiro trabalha com compartilhamento. O vocabulário é passado através de áudio, figura e texto. Depois de armazenado, o aluno faz alguns exercícios que ficam disponíveis para que qualquer usuário comente. O segundo tenta reproduzir uma sala de aula. Há professores e lições, todas feitas pelo computador.


O professor de inglês Gabriel Baptista acredita que os sites não podem ser o único meio de aprendizagem do novo idioma. “O ambiente proporcionado pela escola é muito importante no desenvolvimento do aluno. Pela Internet é mais fácil de desistir”, afirma Baptista.


Os usuários sabem disto e muitas vezes aliam a sala de aula e os exercícios propostos na rede. É o caso de Hemant Kumar, 33 anos, formado em francês pela Aliança Francesa, ele pratica pelo Live Mocha, conversando com nativos e corrigindo exercícios de outros alunos. Kumar gosta do contato com pessoas de todos os lugares. “Acho legal quando as pessoas ficam curiosas por corrigir seus exercícios e entram em contato comigo”, afirma o guia turístico.


Adquirir um novo conhecimento é um processo lento e cheio de dificuldades. No caso do aprendizado de um novo idioma, não podemos esquecer que são necessárias disciplina e imersão. Quanto mais ferramentas conseguir unir, melhor. “Tudo vale a pena para aprender”, afirma Eloísa Sebber, coordenadora pedagógica da rede CNA.


Se interessou? Então navegue: http://www.livemocha.com/

http://www.englishtown.com.br/

*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 10 de maio de 2009

Mercado Municipal Paulistano: PARADA OBRIGATÓRIA!


Todo paulistano ao menos já ouviu falar do Mercadão. Infelizmente nem todos o conhecem. Um pecado! Eu fazia parte desta turma de pecadores. Morria de curiosidade. Via na TV sobre os famosos sanduíche de mortadela e pastel de bacalhau vendidos ali e sempre me prometia uma vista.


Decidi me redimir e quis saber mais sobre esse belo ponto turístico. Me surpreendi logo na pré-pesquisa. O Mercadão é Mercado Municipal Paulistano e não “de São Paulo” como imaginava. Tanto melhor, já que ele não pode ser dito de uma cidade só, ele é de um povo para os povos do mundo inteiro. Assim como na cidade, nele encontramos representantes de todas as partes do planeta, na frente e atrás do balcão.


A idéia era encontrar ele abrindo. Que nada! Ás 5:30h do domingo já existe uma galera descarregando caminhão, limpando seus quiosques, arrumando as frutas em seus lugares e etc. Cara de remela, acho que só a minha e da minha companheira da vez, Bruna Emanuelle. Meus pais, coitadinhos, madrugaram conosco, mas não ficaram.


A fama de trabalhador que os paulistanos têm não existe à toa. Do momento da chegada ao da partida foi difícil encontrar alguém parado. Aos poucos o movimento foi crescendo, todos ficaram mais ocupados ainda e nós passamos a não ser as únicas tirando fotos. Os turistas lotam o espaço, descobrindo cada cantinho deste cartão postal.


Seja de onde for, esteja onde estiver, se passar por São Paulo precisa passar pelo Mercadão. Registrei essa galera bacana que como todo paulistano trabalha muuuuuuuuuuuuuuito e estará por lá para recebê-lo.


Mercado Municipal Paulistano: Rua da Cantareira, 306 – Pq. Dom Pedro II; tel: + 55 11 3313 1326


*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 3 de maio de 2009

Alegria, alegria!


Ontem, 02/05/2009, no SESC Pompéia, a platéia eclética que acompanhava as apresentações da banda "Som do Meio Fio" foi surpreendida por uma "dançarina" que
com sua coreografia particular, roubou a cena. Eu estive lá, registrei o momento e quero compartilhá-lo com vocês. Aproveitem para curtir a banda que é composta por
Emerson Boy, Verinho e Peneira & Sonhador, integrantes da Orquestra de Músicos das Ruas de São Paulo.



Detalhe importante: COMENTEM!

*Anna Rachel Ferreira*

domingo, 26 de abril de 2009

Que bicho é esse?


Parece, mas não é coisa de ficção científica. Quando meu amigo Thiago Paixão começou a comentar em que ele trabalhava minha primeira reação foi: "quê?". Eu, provavelmente como você, nunca tinha ouvido falar de visão computacional.


Mas a coisa é mais presente nas nossas vidas do que parece. O famoso leitor de código de barras ,usado sempre que vamos gastar os nossos tostõezinhos, utiliza essa tecnologia. Os exames de imagem como a tumografia computadorizada também.


Além do que já usamos existe muitas coisa sendo estudada e feita neste campo. A IBM nos Estados Unidos , por exemplo, desenvolve um software chamado Smart Surveillance System que "analisa as imagens, identifica elementos em movimento e os acompanha fazendo pesquisas por trajetória, velocidade, tamanho, cor e agrupamento de objetos", explica Rafael Guimarães, gerente de soluções.


No Brasil existe o Grupo de Visão Computacional do IME (Instituto de Matemática e Estatística), na USP (Universidade de São Paulo), do qual meu amigo participa. Eles desenvolvem uma série de pesquisas como de reconhecimento de movimentos pela câmera e produção de avatares a partir de fotos.


Segundo o professor Roberto Hirata, integrante do grupo, "a visão computacional busca dar a máquina a capacidade de visão que nós temos". Este objetivo implicaria em muito mais processamento do que se tem hoje e um tanto de inteligência artificial, também ainda não desenvolvida. Então, calma! A coisa avançou mas não é pra tanto. Andróides a la "Exrterminador do Futuro" não estão assim tão perto de nós. (Ufa!)

sábado, 18 de abril de 2009

E a Paraíba fala assim...


Tangerina, bergamota ou mexerica? Aipim, mandioca ou macaxeira? “Ó chente!”, “uai”, “tchê”, “xis”. Por aí vão as diferentes linguagens brasileiras. E não só nisso, há expressões que só existem em determinadas regiões ou que, ao menos, são desconhecidas em São Paulo. Este é o caso de brebote que significa guloseimas. Aprendi esta e outras palavras da terrinha de onde vem meu sobrenome: a Paraíba. Inegável. A maioria dos paulistas tem um pezinho lá pra cima, no nordeste. Comigo não haveria de ser diferente!


Em atual visita dos meus tios Jesimiel e Ana Flávia Ferreira, fui presenteada com a camiseta que mostro a vocês em seguida. Cheia de palavras desconhecidas pra mim que estive em Campina Grande, cidade natal deste lado da família, pela última vez há uns 8 anos. São elas: infitete, arisia, pabulage, cipuada, poivar, intuado e outras. A camiseta me chamou muito a atenção. O interessante é que por ser destinada a turistas vem acompanhada de um pequeno dicionário. É o paraibês se alastrando mundo afora.


A língua é viva. Pode-se criar regras para escrita, tentar uma padronização, como agora com o português, mas o idioma falado vai mudando e se adaptando conforme as influências recebidas em cada cantinho do mundo. Sempre haverá novidades e diferenças. Isto é o que caracteriza os grupos sociais, mesmo em era de globalização. Não nos torna menos brasileiros e sim brasileiros cheios de particularidades, o que enriquece ainda mais a cultura do país.


Glossário:

Arisia: bobagem, assunto sem importância.

Cipuada: pancada forte, batida, porrada.

Infitete: pessoa que não merece confiança, aproveitador.

Intuado: pessoa enraivecida, que nada o convence; pessoa de cantar afinado.

Pabulage: contar vantagem, se achar.

Poivar: boca livre, comer ou beber de graça.


Se você tem alguma palavra que só se fala por aí, onde mora, comente conosco!


*Anna Rachel Ferreira*

sábado, 11 de abril de 2009

Os índios estão na web


Ao chegar na ante sala do auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo, me deparei com uma reunião entre amigos. Índios com brancos, índios com índios, brancos com brancos, todos conversando, se cumprimentando, comentando sobre o filho que cresceu, sobre o colega em comum, histórias lembradas e histórias sonhadas para o futuro. Este ambiente permaneceu em toda a festa de lançamento do site Programa de Índio.

Para quem não sabe, é bom saber sobre um pessoal que não só se importou com a causa indígena, mas agiu e continua agindo em prol dela. Foi em 1985 que muitas das amizades expostas na festa se iniciou. Naquele ano, pela primeira vez, o povo indígena conquistou espaço nas ondas sonoras do rádio. Estreava o Programa de índio. Apresentado por Álvaro Tukano e Ailton Krenak, o programa dava a procurava difundir a cultura dos povos nativos. Como contaram os apresentadores “só tocávamos música de tribos, as exceções eram Marlui Miranda e Milton Nascimento”.


O programa de rádio não existe mais e quase 20 anos após o seu fim, sua antiga diretora, Ângela Pappiani, dirige o site aonde “Queremos postar novos programas e informações enviados pelas comunidades indígenas e atualizar as informações dos programas antigos”, explica. Vinculado ao site foi colocado no ar o blog que “vai estar ativo, com contato permanente com comunidades indígenas, notícias e informações”.


A cerimônia foi um programa de rádio com platéia. A idéia era fazer mais um Programa de Índio. O ambiente esteve o tempo todo descontraído. Fruto de ter participantes tão próximos. Participaram deste “programa” os apresentadores oficiais que entrevistaram Claudia Andujar, Dona Jandira, Sr. José Fernandes e Malui Miranda, perceptivelmente, velhos amigos.


Com quatro canções, as crianças da tribo Tekoá Pyau marcaram presença. O coral de índios guaranis embelezou a cerimônia e roubou a cena, acompanhado por violão, violino, tambor, chocalho e da timidez típica dos infantes.


O ponto alto da festa, contudo, foi uma pequena aula que tivemos com Dona Jandira, cacique da aldeia Itu, no Jaraguá. Ela tentou ensinar a platéia como se diz água em Guarani. Se escreve “Y”, mas a pronúncia é algo parecido com “ã”, a que tentamos chegar em vão. Percebendo a nossa dificuldade, nos foi proposto aprender em Tukano e Krenak, “arkor” e “miang” respectivamente. Eu diria que chegamos ao menos mais próximos do correto nessas tentativas.


Nesse clima de descontração também fomos lembrados da luta destes povos por demarcação de terras, por preservação de sua cultura e da natureza. Tukano afirma que “o Guarani deveria ser ensinado nas escolas” e comentou que ao ir para a festa constatou que “São Paulo tem mais carros que meus próprios pensamentos”.


Quer conhecer?
http://www.programadeindio.org/


*Anna Rachel Ferreira*

sábado, 4 de abril de 2009

Viagem ao passado


Entrando no túnel do tempo. É assim que nos sentimos ao desembarcar nas estações Júlio Prestes ou Luz da cidade de São Paulo. Ambas construídas no início do século passado, 1938 e 1901 respectivamente, trazem sua arquitetura para uma sociedade acostumada a arranha-céus envidraçados.


É possível passar muito tempo admirando seus relógios, seus detalhes em ferro, suas colunas, características de prédios pensados cuidadosamente para serem belos. Infelizmente, tal beleza se contrasta com o ambiente hostil ao qual somos submetidos na saída. São pessoas que dormem no chão, o cheiro de urina, o sentimento de pobreza e precariedade que envolve o centro velho da maior metrópole latino-americana.


Além de terem sido construídas na mesma época e serem vizinhas, as duas estações passaram por reformas. A primeira a ser reformada foi a Júlio Prestes. Em 2004 foi a vez da Luz, coincidindo com os 450 anos da cidade. Essas mudanças valorizaram exemplares do patrimônio histórico brasileiro que de maneira alguma, poderiam ser ignorados.


A beleza, contudo, não é o único motivo pelo qual vale a pena visitá-las. Após as reformas, a primeira recebeu o Complexo Cultural Júlio Prestes do qual faz parte a Sala São Paulo, enquanto a segunda, o Museu da Língua Portuguesa.


A Sala São Paulo abriga a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e apresenta diversos tipos de concerto. Enquanto o Museu da Língua Portuguesa usa de tecnologia e muita interatividade para preservar o patrimônio que é a Língua.


Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, s/n – Centro - São Paulo/SP -Tel: + 55 11 3326-0775

Complexo Cultural Júlio Prestes - Praça Júlio Prestes, s/n - Centro - São Paulo/SP - Tel: +55 11 3337-5414

*Anna Rachel Ferreira*

sábado, 28 de março de 2009

Fotojornalismo cheio de atitude


Estou à porta. Vejo uma estante cheia de livros amontoados à minha esquerda. Mais ao fundo, também à esquerda, idem, com acréscimo de uma pilha de jornais. Computadores e um arquivo de aço ao lado estão na minha frente. Dois quadros brancos na parede. Uma foto do avô ilustre. Um grande pôster de “Marginália”. Dois sofás e um macio banco de centro. Esse é o ambiente, diria, bem jornalístico, onde fomos recebidos para conversar com o fotojornalista João Wainer, 32 anos.


Assim como sua casa, Wainer é uma pessoa de visual despojado. Este composto de All Star, calças jeans e camisa xadrez tem tudo a ver com as tatuagens que possui. Nossa conversa se inicia em torno do começo de carreira. Não foi o grande Samuel Wainer, seu avô e dono do Jornal Última Hora, que lhe inspirou o jornalismo e sim os Racionais. Isso mesmo. Ainda adolescente, ouvindo as músicas do Mano Brown, foi que ele percebeu a necessidade de colocar essa realidade em evidência. Em entrevista ao site “Imã foto galeria” já havia afirmado que “a música era cinema puro”. Decidido sobre o que gostaria de mostrar à sociedade, descobriu a fotografia como meio.


A partir de então, as coisas foram surgindo e Wainer se tornou foto-jornalista. A carreira se iniciou como estagiário de texto no Jornal da Tarde, onde já fazia as fotos que surgissem para fazer, inclusive “fazer foto de geladeira”. De lá migrou para a Folha de S.Paulo, trabalho diário feito por dez anos. Hoje, faz dez pautas por mês para Folha além de trabalhos para revistas, os pessoais e mais o que pintar.


Seu trabalho recebeu maior destaque após ter vencido, em 2006, a bolsa Fnac/Fotosite com “Marginália”. Uma mostra dos universos de três “rappers”: Mano Brown, MV Bill e Dexter que rodou São Paulo e agora está na França. Esta exposição é composta por fotos que foram tiradas ao longo de anos. Um dia antes do término das inscrições para a bolsa, pela santa insistência de amigos, foram juntadas e transformadas no que muito bem exemplifica o objetivo de seu trabalho:“mostrar às pessoas um mundo ao qual não têm acesso”, através do seu filtro.


Mas nem só de fotografia vive João Wainer. Na verdade explica: “me apaixono pelos assuntos” depois é que vem a decisão de qual meio será utilizado. Em vista de tantas ferramentas disponíveis, “porque não usá-las?”. E ele as usa. Já co-dirigiu videoclipes, lançou livros, possui um blog e fez o documentário “A Ponte”. Muito mais está por vir. Em breve veremos um documentário sobre pixação, que promete ser polêmico, e um livro aonde pretende juntar seu trabalho.



Dicas de João Wainer:


  • “O fotojornalista dever ser um curioso. Mas um curioso pela vida, não só pelos assuntos que gosta”.
  • Parafraseando um grande fotógrafo da Magnum: “Compre bons sapatos!” Explica que “jornalista tem o telefone. Fotógrafo não tem escapatória, tem que ir no local tirar a foto”.
  • Essa é pra quem retende retratar a galera das favelas. Dica vinda de Caco Barcelos: “se você estiver indo para pi&%#$ o cara, diga que você está indo pi&%#$ o cara!” Ou seja, nunca diga que vai fazer uma coisa e faça outra. Seja honesto!

*Anna Rachel Ferreira*