O paulistano acorda cedo. Lá pelas 4 horas da madrugada já tem gente se levantando para pegar no batente. Momento em que começa a saga. Com dificuldades e belezas, todos os dias a experimentam milhões de pessoas na disputada metrópole.
Antes de chegar no ponto do coletivo, esse camarada andou, talvez muito, talvez pouco, mas andou. E nessa caminhada levou de fumaça de caminhão no rosto a susto com trombadinha. A cidade é grande e perigosa. É preciso estar atento, sempre observando tudo, com a bolsa bem presa ao corpo.
Para além das dificuldades, durante o trajeto, ele também percebeu que possui um emprego, coisa bastante escassa em outras regiões do país e ainda se deparou com diferentes rostos, característicos de todos os lugares do mundo ou que misturam aspectos deles.
Às 5 horas da manhã, ônibus e trens lotados já saem dos terminais rumo aos empregos com carteira assinada ou não de cada um. A viagem costuma ser longa, cheia de baldeações, e bem espremida, envolta pelo calor humano e o empurra–empurra proveniente da pressa bem própria dos moradores locais .
O desconforto dessa hora e, muitas vezes, a quantidade de pessoas ao redor impedem que, o agora passageiro, vislumbre algo além dos carros parados e das buzinas. A paisagem é toda cosmopolita. Construções futuristas e prédios antigos, locais abandonados e outros bem cuidados, parques no meio do caminho, gente chique e gente cafona, uns com dinheiro enquanto outros nem mesmo esmola.
Depois de chegar ao trabalho, ele faz jus ao nome da atividade. Mas na pausa para o almoço, dá um respiro necessário e merecido. Há muitas opções mesmo com pouca “grana” no bolso. Os tais rostinhos diferentes, encontrados pela manhã, trouxeram seus sabores para São Paulo, único lugar em que se pode comer pão de queijo no café da manhã, feijoada no almoço e pizza no jantar, dentre muitíssimas outras variações.
O segundo tempo começa e todos voltam aos escritórios, construções, faxinas, lojas, ou seja, ao lavoro, como diz o pessoal do Bexiga, contando os minutos para fazer o caminho de volta.
E todo mundo volta junto. Uma beleza! 18 horas, horário de pico. Paulistano sabe bem o que é isso. A falta de ar agravada pelo cheiro de quem deu o suor durante todo o dia faz dessa viagem algo inesquecível.
Assim passa a semana que chega ao seu fim. O retorno de sexta-feira já é até mais feliz. Agora sim é hora de aproveitar tudo o que a cidade tem para oferecer. Proletário também precisa se divertir, não? E a vida cultural dessa grande metrópole é tão movimentada quanto o deslocamento de seus habitantes para o trabalho.
Museus, teatros, cinemas, parques, restaurantes para todos os gostos e bolsos. Dos moradores das ruas aos dos casarões dos Jardins, a população tem acesso a uma efervescência cultural constante, porém, mais importante que isso, ela tem aquela alegria que só brasileiro entende.
Com um sorriso no rosto, o paulistano segue, já esquecido das agruras cotidianas e na cabeça somente a certeza do que já cantava o Premê: “É tão lindo andar na cidade de São Paulo”.