domingo, 28 de junho de 2009

Foto na lata


Uma lata de tinta = câmera fotográfica. Será? Fiquei com um pé atrás quando me falaram do projeto desenvolvido pela ONG ImageMágica, criação do fotógrafo André François. A dúvida despertou a curiosidade e fui obrigada a ir conferir.


No início do mês fui até o Campo Limpo participar da Multiplicação que a turma do Projeto Arrastão estava fazendo. Esse evento é uma das partes que compõe a Escola Olhar, carro chefe da organização que também trabalha com os projetos fotográficos do seu fundador. As outras partes são as aulas de fotografia, a capacitação de educadores e a exposição dos trabalhos no final do curso.


A etapa que acompanhei nada mais é do que uma oportunidade para os alunos compartilharem com colegas e pessoas da comunidade o que têm aprendido ao longo do curso. Eles adoram e explicam tudo na maior empolgação. Fui orientada por Jenifer da Silva, 17 anos, quase o tempo todo. Ela me ajudou a fazer a foto que posto agora, versão negativa e positiva.


O lema da ImageMágica é “Perceber o mundo em que se vive é o primeiro passo para modificá-lo” e essa percepção é desenvolvida através da foto artesanal. O fato de o processo ser mais lento torna obrigatória uma reflexão sobre a foto antes do clique. “Eles têm que pensar no que fotografar, no que eles têm para dizer”, explica a coordenadora pedagógica Ana Silvia Forgiarini. E parece que o objetivo tem sido alcançado. Jenifer conta que com o curso pode perceber que uma coisa aparentemente pequena pode expressar muito em uma imagem. "Hoje eu sei que pequenas coisas podem dizer muito", finaliza.


Para saber mais entre em www.imagemagica.org.br


domingo, 7 de junho de 2009

O BURACO





Hoje, o painel do “buraco da paulista” é patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo, mas nem sempre foi assim. O trabalho mais importante do artista plástico/graffiteiro Rui Amaral, surgiu na tradição do graffiti, de forma ilegal.


Foi em 1988 que pela primeira vez, o painel foi pintado em preto e branco. Feito na clandestinidade, em uma época em que essa técnica não era bem vista, Amaral explica que sempre apagavam seu desenho, porém ele não desistia. “A prefeitura ia lá, apagava, eu ia lá, pintava”, conta.


Durante o mandato da prefeita Luiza Erundina, o grafiteiro decidiu que era hora desse trabalho ser feito de maneira legal. Pediu autorização, arcou com todos os custos e pintou, pela primeira vez, colorido. Problema resolvido? Nem tanto.


O “trampo”, como ele chama, permaneceu intocável somente enquanto a prefeita estava no poder. Seu sucessor, Paulo Maluf, não gostou e mandou apagar o painel inteiro. Amaral conta que tentou negociar, mas o prefeito estava irredutível. Sem alternativas, buscou a Secretaria da Cultura que o encaminhou para o Patrimônio Histórico da cidade na tentativa de poder refazer seu trabalho.


O Patrimônio Histórico designou um técnico interno e um crítico de arte externo e foi montada uma comissão, para avaliar o valor da obra. Decidiram que o trabalho deveria ser refeito. Foi a última vez que o artista plástico teve que brigar por essa obra. “Faz 18 anos que está lá!”, comemora.


No segundo semestre o buraco será pintado. Calma! Não se pretende passar tinta branca em cima não. Como feito outras vezes, a idéia é chamar uma galera de ex-alunos e amigos para repintar o buraco, deixar ele novinho. “Preciso de 10 pessoas para pintar facinho lá”, comenta Amaral.


*Anna Rachel Ferreira*