terça-feira, 10 de dezembro de 2013
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Antes do casamento
Um dia de noiva, outro de criada.
Noiva
Criada
Noiva
Criada
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Mais uma viagem de busão
No meio da noite em um dia de semana, o cenário
dentro do ônibus é assim: pessoas com cara de derrota, cansadas, amassadas, fedidas,
imploram pelo amor de Deus que haja um lugar vago onde possam repousar suas
ancas a caminho de casa. Alguns levando a situação com bom-humor, lembram das
peripécias do dia, outros se resignando, somente esperam a chegada a casa,
outros ainda, com raiva do mundo, fazem demonstrações explícitas de sua
indignação.
Como faz todos os dias, João entra no coletivo e se
senta no mesmo lugar. Mas, dessa vez, emburrado. O cobrador, paz e amor, não dá
muita atenção. “Vai ver acordou de pé esquerdo”, pensa. E o motorista segue. Lá
pelas tantas, João se levanta. A moça ao seu lado se vira em direção ao
corredor e dá espaço para que ele passe, sem nem notar sua fúria. Ela é uma das
resignadas. Está muito concentrada em seu próprio cansaço para se atentar a ele.
João caminha até o corredor e lá fica, se equilibrando por entre as
manobras do motorista que também parece ter pressa em chegar a casa. Em uma das
curvas, ele esbarra feio na loira sentada à sua frente. “Desculpa”, diz seco,
revoltado por ter que passar por mais essa. “Depois de tudo o que já aconteceu
hoje”, pensa. A loira se mostra bastante invocada e faz um olhar de quem diz:
“Isso lá é jeito de pedir desculpas?”. Pronto. O circo está armado.
Ela não gosta de como ele pediu desculpas. Ele não gosta de como ela
olhou para ele. Ambos começam a discutir. Uma gritaria é instaurada. Alguns se
afastam, outros acordam, outros ainda só querem manda-los ficarem quietos. As
vozes ficam mais exaltadas. Os xingamentos mais ferozes. É “vadia” para cá,
“arrombado”, pra lá. O magrelinha ao lado não se conforma e parte pra cima de
João. “Você tá loco de falar assim com a mulher?”, diz, o chamando para briga.
Eles começam a se estapear. Chutes e pontapés são distribuídos aos montes.
O magrelinha enche o peito, agarra nas barras laterais do ônibus e
concentra toda sua potência no pé direito que, (Pimba!), acerta o tórax do
rival e o faz cair no fundo do carro. Agora, além de revoltado, raivoso e indignado,
João se sente humilhado. A ira toma conta de seus olhos e ele se levanta como
um touro para atingir o magrelinha.
Todos reivindicam uma atitude do cobrador. Paz e amor, como só ele
sabe ser, sempre repete: “Minha melhor arma é a sabedoria”. Então, vai calmamente
em direção aos dois homens e pede que parem com a confusão. “Tira a mão de
mim”, diz o magrelinha. Imediatamente, o cobrador leva os braços para cima,
consente com a cabeça e volta para sua cadeira, onde fica, como se nada
houvesse.
Chega o ponto de descida de João. Ele continua chamando loira e
magrela para a briga. “Desce aqui pra ver só!”, provoca. Ambos rebatem. A loira
diz ser faixa preta de jiu jitsu, o magrela diz não ter medo de bicha loca. O
bate-boca segue, mas João desce, ainda que aos berros. Ele precisa fazer alguma
coisa. Reverter a situação. Não quer sair por baixo. Não depois de tudo. Então,
vai direto até a um amontoado de coisas na calçada e acha um pedaço de pau. Com
ele, esbraveja e ameaça joga-lo no ônibus junto com tudo o mais que encontrar.
Os passageiros amedrontados e já entediados com a história toda pedem,
quase em coro, que o motorista arranque e saia logo dali. Ele faz que vai
atender a solicitação. Mas, não o faz. Em menos de um minuto, o ônibus para e a
porta dianteira é aberta. O superman entra em ação. Ele desce com o braço
direito enrijecido, apontando uma pistola calibre 40 para o protagonista da balbúrdia.
Pessoas se jogam no chão. O som é de jacas despencando. Superman se diz
policial, manda João parar de tumultuar e caminha a passos determinados em
direção a ele, que fica atordoado. “Como eu posso ter acordado de manhã para
trabalhar e estar indo dormir com uma arma na cabeça?”, pensa enquanto corre
para casa.
João vai, superman volta, motorista dirige e a vida continua.
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Velhinha inofensiva
Em um ponto de ônibus qualquer, duas mulheres conversam distraidamente. Na direção delas, caminha uma senhora bem apresentável e com um ar simpático, na casa dos 60 anos. Ao se aproximar, ela se direciona a uma das moças, esboça um sorriso e pergunta:
— Posso te dizer uma coisa?
A moça olha para colega ao seu lado, pensando “Que mal pode haver?”. Então, se vira para a idosa, devolve o sorriso e responde:
— Mas, é claro!
Em um milésimo de segundo, o rosto da senhora se embrutece. Com total indignação, ela se inclina para a moça e afirma taxativa:
— Você precisa mesmo é de um macho!
Durante alguns segundos, as duas colegas tentam compreender o que acabara de acontecer. Ainda atônitas, elas observam a senhora seguir, bufando a passos firmes, para o ônibus que acaba de parar.
— Posso te dizer uma coisa?
A moça olha para colega ao seu lado, pensando “Que mal pode haver?”. Então, se vira para a idosa, devolve o sorriso e responde:
— Mas, é claro!
Em um milésimo de segundo, o rosto da senhora se embrutece. Com total indignação, ela se inclina para a moça e afirma taxativa:
— Você precisa mesmo é de um macho!
Durante alguns segundos, as duas colegas tentam compreender o que acabara de acontecer. Ainda atônitas, elas observam a senhora seguir, bufando a passos firmes, para o ônibus que acaba de parar.
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sábado, 5 de outubro de 2013
Encontro a dois
Duas pessoas. Duas expectativas. Um encontro.
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quarta-feira, 8 de maio de 2013
Sobre o que é a vida
O que é a vida? Muito mais que um simples substantivo, um nome que se refere a algo hipoteticamente conhecido. Em sua plenitude, se mostra apenas aos que tem coragem para enfrentar a sua fluidez que ao mesmo tempo é irrequieta e surpreendente. A esses, é verbo, constantemente conjugado no presente: Eu amo / Tu amas / Ele ama / Ela ama / Nós amamos / Vós amais / Eles amam.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Um jeito de tirar as pedras do caminho
À sua frente, o caminho. Ao seu lado, alguém dispara: agora para a direita; já viu a toco de árvore ali na frente?; se você perguntar para aquele tiozinho que vende bananas?; acho melhor desviar daquelas pedras pela esquerda; já decidiu se vai contornar a montanha ou subir por ela?...quanto mais ele fala, mais o percurso cresce. A estrada parece não ter fim e tudo em que você consegue pensar são os percalços visíveis e invisíveis pelos quais inevitavelmente passará. Algumas ideias como parar o carro, abandonar a missão e sair andando de volta para casa ou até mesmo assassinar o acompanhante, que está mais para mala sem alça, e empurrar o corpo na rodovia para seguir sozinho se tornam opções bastante apetitosas.
Mas, surge algo com o qual você não estava contando: a maturidade. E você reflete, pondera, analisa, respira e pisa no acelerador. De repente, seu cérebro passa a funcionar na velocidade da luz, e então você fala com o vendedor de bananas que te ajuda a deslocar o toco de árvore, desvia das pedras pela direita, encontra um caminho pelo meio da montanha e UAU! A beleza daquele vale inunda seus olhos de tal forma que ocupa cada milímetro do seu pensamento. Nada mais importa. Nada mais existe. O que quer que tenha acontecido antes, por aquele momento, valeu a pena. Você inspira todo o ar que consegue, na tentativa de aprisioná-lo dentro de si e com a sua imagem devidamente gravada por de novo o pé na estrada.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Equilíbrio
Para que todos saiam ganhando, é necessário que todos estejam dispostos a perder.
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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Sonhando alto
Ela lia, ouvia, via, assistia, se alimentava de ilusão. Um dia, enquanto caminhava lentamente pelas nuvens, inebriada com o azul celeste, não viu o vão que se formava à sua frente. Despencou. Como uma pedra que se solta do alto de um edifício, ela se viu transformada em pequenos pedaços de gente espalhados pela avenida. Imediatamente, percebeu que precisava se juntar todinha para voltar a ser. Então, deixou que as pálpebras se abaixassem para que os olhos se virassem para dentro de si mesma na tentativa de encontrar a ordem das peças e remontar aquele quebra-cabeça. Neste instante, tudo ficou claro. Tão real como sua própria existência, ela pôde enxergar. Eis que viu o céu, as nuvens, o sonho.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Beleza de cara lavada
Uma cadeira. Pessoas apressadas com móveis, objetos variados, figurinos e todos os tipos de aparatos circulam pelo ambiente. Câmeras por todos os lados. Maquiadora. Sento. “O que é isso? Essa menina não faz as unhas há quanto tempo? Uma década? E essa cara? Que horror! Sai daqui, sai, sai, sai”, ela afirma enquanto enxota a ogra ouvinte com as mãos, sem ao menos olhá-la.
Despertador. Espelho. (Que cara acabada!) Água, protetor solar, base, pó, blush, rímel, lápis, sombra, batom, gloss.
Um dia depois.
Despertador. Espelho. Preguiça. Suspiro. Água, protetor solar, base, pó, blush, rímel, lápis, batom, gloss.
Dois dias depois.
Despertador. Espelho. Muita preguiça. Água, protetor solar. Espelho. Pausa. Sorriso.
Pronta.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2013
Quimera e realidade
O fantástico existe.
Sublime, plástico, encantador e atraente, porém respeitoso.
Vive com a mesma intensidade com que aguarda que você o queira e o veja.
Pulsante.
Respira no muito, no sempre, no todo,
mas também te surpreende no pouco, no nunca
e naquela partezinha que esquecida floresce.
Mágica.
Sublime, plástico, encantador e atraente, porém respeitoso.
Vive com a mesma intensidade com que aguarda que você o queira e o veja.
Pulsante.
Respira no muito, no sempre, no todo,
mas também te surpreende no pouco, no nunca
e naquela partezinha que esquecida floresce.
Mágica.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
Tudo de novo, outra vez
Acuso a vida de ser repetitiva.
Que injusta sou!
Não é a vida que se repete a mim.
Sou eu que me repito a ela.
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