quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
Sonhando alto
Ela lia, ouvia, via, assistia, se alimentava de ilusão. Um dia, enquanto caminhava lentamente pelas nuvens, inebriada com o azul celeste, não viu o vão que se formava à sua frente. Despencou. Como uma pedra que se solta do alto de um edifício, ela se viu transformada em pequenos pedaços de gente espalhados pela avenida. Imediatamente, percebeu que precisava se juntar todinha para voltar a ser. Então, deixou que as pálpebras se abaixassem para que os olhos se virassem para dentro de si mesma na tentativa de encontrar a ordem das peças e remontar aquele quebra-cabeça. Neste instante, tudo ficou claro. Tão real como sua própria existência, ela pôde enxergar. Eis que viu o céu, as nuvens, o sonho.
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