domingo, 26 de abril de 2009

Que bicho é esse?


Parece, mas não é coisa de ficção científica. Quando meu amigo Thiago Paixão começou a comentar em que ele trabalhava minha primeira reação foi: "quê?". Eu, provavelmente como você, nunca tinha ouvido falar de visão computacional.


Mas a coisa é mais presente nas nossas vidas do que parece. O famoso leitor de código de barras ,usado sempre que vamos gastar os nossos tostõezinhos, utiliza essa tecnologia. Os exames de imagem como a tumografia computadorizada também.


Além do que já usamos existe muitas coisa sendo estudada e feita neste campo. A IBM nos Estados Unidos , por exemplo, desenvolve um software chamado Smart Surveillance System que "analisa as imagens, identifica elementos em movimento e os acompanha fazendo pesquisas por trajetória, velocidade, tamanho, cor e agrupamento de objetos", explica Rafael Guimarães, gerente de soluções.


No Brasil existe o Grupo de Visão Computacional do IME (Instituto de Matemática e Estatística), na USP (Universidade de São Paulo), do qual meu amigo participa. Eles desenvolvem uma série de pesquisas como de reconhecimento de movimentos pela câmera e produção de avatares a partir de fotos.


Segundo o professor Roberto Hirata, integrante do grupo, "a visão computacional busca dar a máquina a capacidade de visão que nós temos". Este objetivo implicaria em muito mais processamento do que se tem hoje e um tanto de inteligência artificial, também ainda não desenvolvida. Então, calma! A coisa avançou mas não é pra tanto. Andróides a la "Exrterminador do Futuro" não estão assim tão perto de nós. (Ufa!)

sábado, 18 de abril de 2009

E a Paraíba fala assim...


Tangerina, bergamota ou mexerica? Aipim, mandioca ou macaxeira? “Ó chente!”, “uai”, “tchê”, “xis”. Por aí vão as diferentes linguagens brasileiras. E não só nisso, há expressões que só existem em determinadas regiões ou que, ao menos, são desconhecidas em São Paulo. Este é o caso de brebote que significa guloseimas. Aprendi esta e outras palavras da terrinha de onde vem meu sobrenome: a Paraíba. Inegável. A maioria dos paulistas tem um pezinho lá pra cima, no nordeste. Comigo não haveria de ser diferente!


Em atual visita dos meus tios Jesimiel e Ana Flávia Ferreira, fui presenteada com a camiseta que mostro a vocês em seguida. Cheia de palavras desconhecidas pra mim que estive em Campina Grande, cidade natal deste lado da família, pela última vez há uns 8 anos. São elas: infitete, arisia, pabulage, cipuada, poivar, intuado e outras. A camiseta me chamou muito a atenção. O interessante é que por ser destinada a turistas vem acompanhada de um pequeno dicionário. É o paraibês se alastrando mundo afora.


A língua é viva. Pode-se criar regras para escrita, tentar uma padronização, como agora com o português, mas o idioma falado vai mudando e se adaptando conforme as influências recebidas em cada cantinho do mundo. Sempre haverá novidades e diferenças. Isto é o que caracteriza os grupos sociais, mesmo em era de globalização. Não nos torna menos brasileiros e sim brasileiros cheios de particularidades, o que enriquece ainda mais a cultura do país.


Glossário:

Arisia: bobagem, assunto sem importância.

Cipuada: pancada forte, batida, porrada.

Infitete: pessoa que não merece confiança, aproveitador.

Intuado: pessoa enraivecida, que nada o convence; pessoa de cantar afinado.

Pabulage: contar vantagem, se achar.

Poivar: boca livre, comer ou beber de graça.


Se você tem alguma palavra que só se fala por aí, onde mora, comente conosco!


*Anna Rachel Ferreira*

sábado, 11 de abril de 2009

Os índios estão na web


Ao chegar na ante sala do auditório do SESC Vila Mariana, em São Paulo, me deparei com uma reunião entre amigos. Índios com brancos, índios com índios, brancos com brancos, todos conversando, se cumprimentando, comentando sobre o filho que cresceu, sobre o colega em comum, histórias lembradas e histórias sonhadas para o futuro. Este ambiente permaneceu em toda a festa de lançamento do site Programa de Índio.

Para quem não sabe, é bom saber sobre um pessoal que não só se importou com a causa indígena, mas agiu e continua agindo em prol dela. Foi em 1985 que muitas das amizades expostas na festa se iniciou. Naquele ano, pela primeira vez, o povo indígena conquistou espaço nas ondas sonoras do rádio. Estreava o Programa de índio. Apresentado por Álvaro Tukano e Ailton Krenak, o programa dava a procurava difundir a cultura dos povos nativos. Como contaram os apresentadores “só tocávamos música de tribos, as exceções eram Marlui Miranda e Milton Nascimento”.


O programa de rádio não existe mais e quase 20 anos após o seu fim, sua antiga diretora, Ângela Pappiani, dirige o site aonde “Queremos postar novos programas e informações enviados pelas comunidades indígenas e atualizar as informações dos programas antigos”, explica. Vinculado ao site foi colocado no ar o blog que “vai estar ativo, com contato permanente com comunidades indígenas, notícias e informações”.


A cerimônia foi um programa de rádio com platéia. A idéia era fazer mais um Programa de Índio. O ambiente esteve o tempo todo descontraído. Fruto de ter participantes tão próximos. Participaram deste “programa” os apresentadores oficiais que entrevistaram Claudia Andujar, Dona Jandira, Sr. José Fernandes e Malui Miranda, perceptivelmente, velhos amigos.


Com quatro canções, as crianças da tribo Tekoá Pyau marcaram presença. O coral de índios guaranis embelezou a cerimônia e roubou a cena, acompanhado por violão, violino, tambor, chocalho e da timidez típica dos infantes.


O ponto alto da festa, contudo, foi uma pequena aula que tivemos com Dona Jandira, cacique da aldeia Itu, no Jaraguá. Ela tentou ensinar a platéia como se diz água em Guarani. Se escreve “Y”, mas a pronúncia é algo parecido com “ã”, a que tentamos chegar em vão. Percebendo a nossa dificuldade, nos foi proposto aprender em Tukano e Krenak, “arkor” e “miang” respectivamente. Eu diria que chegamos ao menos mais próximos do correto nessas tentativas.


Nesse clima de descontração também fomos lembrados da luta destes povos por demarcação de terras, por preservação de sua cultura e da natureza. Tukano afirma que “o Guarani deveria ser ensinado nas escolas” e comentou que ao ir para a festa constatou que “São Paulo tem mais carros que meus próprios pensamentos”.


Quer conhecer?
http://www.programadeindio.org/


*Anna Rachel Ferreira*

sábado, 4 de abril de 2009

Viagem ao passado


Entrando no túnel do tempo. É assim que nos sentimos ao desembarcar nas estações Júlio Prestes ou Luz da cidade de São Paulo. Ambas construídas no início do século passado, 1938 e 1901 respectivamente, trazem sua arquitetura para uma sociedade acostumada a arranha-céus envidraçados.


É possível passar muito tempo admirando seus relógios, seus detalhes em ferro, suas colunas, características de prédios pensados cuidadosamente para serem belos. Infelizmente, tal beleza se contrasta com o ambiente hostil ao qual somos submetidos na saída. São pessoas que dormem no chão, o cheiro de urina, o sentimento de pobreza e precariedade que envolve o centro velho da maior metrópole latino-americana.


Além de terem sido construídas na mesma época e serem vizinhas, as duas estações passaram por reformas. A primeira a ser reformada foi a Júlio Prestes. Em 2004 foi a vez da Luz, coincidindo com os 450 anos da cidade. Essas mudanças valorizaram exemplares do patrimônio histórico brasileiro que de maneira alguma, poderiam ser ignorados.


A beleza, contudo, não é o único motivo pelo qual vale a pena visitá-las. Após as reformas, a primeira recebeu o Complexo Cultural Júlio Prestes do qual faz parte a Sala São Paulo, enquanto a segunda, o Museu da Língua Portuguesa.


A Sala São Paulo abriga a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo e apresenta diversos tipos de concerto. Enquanto o Museu da Língua Portuguesa usa de tecnologia e muita interatividade para preservar o patrimônio que é a Língua.


Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, s/n – Centro - São Paulo/SP -Tel: + 55 11 3326-0775

Complexo Cultural Júlio Prestes - Praça Júlio Prestes, s/n - Centro - São Paulo/SP - Tel: +55 11 3337-5414

*Anna Rachel Ferreira*