Na sala de espera de um centro de diagnóstico em gastroenterologia, a enfermeira baixinha com ar rabugento abriu a porta que leva a área de exames e anunciou: “Acompanhante de Celi!”. Como ninguém atendeu ao chamado, ela deu alguns passinhos para frente e, ainda segurando a porta repetiu: “Acompanhante de Celi!”. Todos se entreolharam e fizeram comentários aos cochichos, mas não houve resposta. Com um suspiro de desaprovação, ela se retirou. Minutos depois voltou para chamar: “Seu João, acompanhante de Dona Celi!”.
Quando todos perceberam que ninguém se pronunciaria, um senhor, de cinqüenta e poucos anos, se ofereceu para perguntar na escadaria de entrada do centro. Vai que o tal João estava lá? Não estava. A enfermeira, já desesperançosa, de novo fez soar a convocação: “Seu João, acompanhante de Dona Celi!”. O solícito homem que havia decidido se empenhar na busca pelo seu João e liberar a coitada da Dona Celi, avistou um indivíduo de estatura mediana, barrigudo e de cabelos escuros dormindo na última fileira de cadeiras e comentou: “Será que não é ele?”.
A enfermeira, querendo resolver logo o impasse, deu de ombros e fez aquela expressão de “quem sabe?”. Imediatamente, um rapaz que estava ao lado do dorminhoco foi instruído a tentar acordá-lo. “Você é o seu João?”, perguntou ao cutucá-lo. Com os dedos entrelaçados, ele levou as mãos para alto, bocejou e indicou que sim com a cabeça. “Aeeeeeee!”, os demais espectadores gritaram, enquanto riam com a satisfação de quem presenciava o acontecimento de algo muito esperado. Dona Celi poderia ir para casa.
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