segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A moçoila, o viúvo e a vidente

Ela, uma bela morena de 20 poucos anos, não planejava se prender a alguém. Ele, um viúvo passado dos 30, estava louco para ancorar em porto seguro. Durante um mês, insistentemente ele a visitou. A família começou a pressionar. “Porque a moça não dava uma chancezinha ao rapaz?”, a questionavam todos. Irritada, chamou o pretendente para uma conversa franca que começou com um “Você ainda não entendeu que eu não quero nada com você?”.

Desconcertado com a sinceridade da senhorita que vinha lhe tirando o sono, não perdeu a compostura, nem se dissipou o seu interesse. Muito pelo contrário, a personalidade dela o encantou e seu jeitinho mineiro a convenceu. Um mês era o trato. Se ela ainda assim não o quisesse, paciência, ele finalmente se daria por vencido.

Trinta dias se foram e então, ele encontrou uma conhecida que tinha trato com os espíritos e costumava dar úteis conselhos para o futuro. O aviso era claro: se ficar com essa moça vai novamente enviuvar cedo. A morte da mulher com quem viveu por sete anos, ainda o perturbava, não queria reviver a experiência e “ela nem está apaixonada por mim”, dizia para si mesmo.

Assim, cadê o pretendente tão apaixonado? Agora, era ele que tirava o sono dela. A jovem não conseguia encontrar explicação para aquele sumiço. Sentia falta de sua presença e ao mesmo tempo se sentia insultada. “Como é que ele vem na minha casa, fala com a minha família e depois some?”, pensava. Decidida, foi atrás do amado e exigiu um bom argumento para aquela atitude. Ele não podia achar que ia ficar por isso mesmo.

O rapaz não explicou muita coisa, mas a voz mansa, o olhar, o universo, ela não sabia o quê, mas algo lhe dizia que o amor estava lá. Ela teve certeza. Ele sempre teve certeza. Já apaixonada, decidiu perdoar, mas com a condição de que o casamento saísse logo. “Daqui três meses?”, sugeriu o futuro noivo. “Aí também não, né? Preciso de um pouco mais de tempo para organizar tudo”, retrucou.

Felizes, eles se casaram após seis meses. Contudo, por mais que tentasse, a advertência que lhe foi dada ainda rondava os pensamentos dele. Tomou uma decisão: garantiria que todos os seus momentos juntos fossem memoráveis.  Por conta disto, ele cuidou que nos trinta e dois anos seguintes, às vezes, um presente, outras, um cuidado, em ainda outras, um simples gesto sincero fossem as cores que dariam vida aos dias do casal. E agora, após relembrarem sua história com aquele sorriso que persiste em não se retirar, juras de amor são repetidas em uma mesa farta, preparada para esperar a chegada de um novo ano com os mesmos hábitos.

Um comentário:

  1. Se todos vivessem conscientes que a vida é curta, a vida seria muuuuuuuuuuuito melhor!

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